sábado, 31 de dezembro de 2016

4195) Resoluções para 2017 (31.12.2016)



Gravar um CD com as benditas músicas que as pessoas gostam.

Elucidar o Mistério das Máscaras de Chumbo.

Concluir o projeto alquímico-cibernético da abertura de um portal para um mundo menos chato.

Inventar um idioma aglutinante desprovido de vogais.

Consertar o encanamento da área de serviço.

Resolver o problema daquela esquina em Manaíra onde chega a ter três batidas de carro por dia.

Ler os 163 livros em PDF gratuito armazenados no computador.

Chamar para beber no bar cinco amigos meus que têm tudo a ver uns com os outros e que não se conhecem pessoalmente.

Fazer cirurgia naquele calo-de-sangue na sola do pé.

Trocar a porta do armário onde deu cupim.

Juntar num volumezinho os poemas alheios que já traduzi.

Descobrir como passar as fotos do celular velho para o celular novo.

Redigir e fazer publicar na grande imprensa uma “Carta Aberta aos Políticos Brasileiros”.

Recomeçar a jogar Riven (eita como eu sou velho).

Editar uma versão de “Grande Sertão: Veredas” com 800 páginas de notas.

Deixar a barba crescer e fazer um certo mistério a respeito.

Escrever biografias de Pete Best, Manuel Xudu, Raymond Queneau, James Ensor, Saul Steinberg e Edvaldo do Ó.

Fotografar um disco voador voando.

Fazer seis meses de psicanálise e usar isso como pretexto pra tudo que me der na veneta.

Pegar minhas fotos de Instagram e fazer um livrinho (só as fotos e os títulos) do tamanho de um compacto de vinil.

Aprender a andar de bicicleta o bastante para alguém me filmar por uns 10 ou 15 segundos, e registrar para a posteridade.

Fazer uma lista e sair ligando de pessoa em pessoa, pedindo desculpas por desatenções que vai ver que elas nem se lembram mais.

Faxina nas gavetas. Mesmo.

Passar um dia rodando por Campina e fotografando lugares especiais, projeto a se chamar “There are Places I Remember”.

Voltar a caminhar, a tratar dos dentes e a fazer checape.

Sair a pé de manhã de Laranjeiras rumo à Zona Norte, sem rumo pré-estabelecido, e pegar um táxi de volta quando me sentir na lona.

Consertar meu Prêmio Jabuti que levou uma queda há três anos e quebrou a base.

Comprar um HD externo pra copiar o HD do computador velho.

Decorar uma dúzia de poemas meus na ponta da língua pra não pagar mais o mico de recitar lendo.

Emoldurar as incontáveis gravuras de artistas amigos meus que tenho em forma de canudo, deitadas por cima dos livros.

Descobrir a pedra filosofal, a quadratura do círculo e a fonte da juventude.

Fazer uma limpeza em regra nas pastas de papéis obsoletos (recibos de contas de luz da casa onde morei 20 anos atrás, etc.).

Escrever o último capítulo (o único que falta) daquele livro iniciado em 2001.

Comprar um tênis e um sapato novo, tou precisando.

Praticar ioga, pilates, musculação, RPG, ginástica aeróbica e capoeira.

Traduzir “Le Bateau Ivre” de Rimbaud e abaixar de vez a crista da concorrência.

Inventar uma esferográfica que não deixe um borrão assim que encosta no papel.

Botar letra naquelas 76 músicas e música naquelas 118 letras.

Prestar mais atenção aos sentimentos dos terráqueos, eles não têm culpa de serem assim.

Levar um tiro de espingarda-doze na caixa-dos-peitos, acender um cigarro e dizer: “Nem doeu”.