terça-feira, 15 de julho de 2014

3551) Alemanha Ano Zero (15.7.2014)




Em mais uma Copa que não teve uma grande seleção (tipo Brasil em 82 ou Holanda em 74), venceu a mais aplicada e de futebol mais ofensivo, embora com altos e baixos. A Alemanha, merecidamente campeã, teve o melhor ataque, com 18 gols contra 4. A vice-campeã Argentina fez 8 gols contra 4, no total. Fez menos gols na Copa inteira do que a Colômbia fez na fase de grupos (nove).

Valeu a simpatia dos alemães, que estudaram o ambiente e a população e souberam se cercar de um clima positivo. A Argentina promoveu a maior invasão de torcedores; foi a seleção que teve mais torcida, se bem que o Brasil deve ter sido a que teve mais espectadores-a-favor. A Holanda bateu na trave mais uma vez: começou goleando e tirando o sono dos adversários e foi minguando ao longo da competição. Seu ataque, tão talentoso (Robben, Van Persie, Sneider), lhe faltou em jogos decisivos contra Costa Rica e Argentina (0x0).

Dentre os times menores, as melhores surpresas foram a Colômbia, a Argélia, o Chile e a Costa Rica, que acabou virando o “segundo time” de todo mundo. Os grandes que decepcionaram foram a Espanha, a Inglaterra, a Itália, Portugal e Brasil.  Alguns times estão numa escalada de qualidade que vale a pena vigiar, como é o caso dos EUA e da Bélgica.  Os times africanos, desta vez, vieram muito fracos, e somente Gana e Nigéria mostraram algum futebol.

Foi uma Copa com excelente média de gols na primeira fase, prejudicada por uma série de 0x0 e 1x0 no mata-mata final. Uma Copa dos goleiros, sem dúvida, e eu escolheria Tim Howard dos EUA como representante da categoria. Uma Copa de más arbitragens, mostrando (para alegria do meu preconceito) a incompetência da Fifa na sua preparação e escalação. Justiça seja feita, a Fifa se redimiu introduzindo duas coisas que deverão se consolidar: o tira-teima eletrônico para saber se a bola entrou no gol, e o spray de espuma para marcar a posição da barreira (que o Brasil já usa há séculos).

Uma Copa que se abriu e se fechou com duas goleadas para entrar na História: os 5x1 da Holanda sobre a campeã Espanha, e os 7x1 da Alemanha sobre o Brasil, jogo sobre o qual ainda vão correr alguns atlânticos de tinta. Houve pelo menos uma dúzia de jogos de altíssima voltagem emocional. Nenhuma violência desmedida, embora a truculência que houve pudesse ter sido bem menor se as arbitragens tivessem um melhor nível. A classificação final foi justa, embora uma justiça amarga para a Argentina, que apostou tudo em Messi e o viu atuando aquém do esperado, e para o Brasil, que como dono da festa mandou a campo uma das seleções mais jovens, menos preparadas e mais emocionalmente equivocadas de toda sua história.