sábado, 16 de novembro de 2013

3345) Lord Byron's Night (16.11.2013)



(foto: Dani Barcellos)

Estive na 59a. Feira do Livro de Porto Alegre, para dois compromissos dentro do evento Tu Frankenstein, dedicado à literatura fantástica. O primeiro, um bate-papo com Duda Falcão e João Pedro Fleck, organizadores do evento, e os tradutores César Alcázar e Guilherme Braga. O outro, um desafio curioso. Como sabem os fãs da literatura de terror, em 1816 os poetas Lord Byron e Percy Shelley (este com sua noiva Mary) se encontraram na mansão do primeiro, às margens do Lago Genève (ou Lago Leman), na Suíça. Numa noite chuvosa, eles e mais alguns convidados propuseram uns aos outros o desafio de cada um escrever uma história de terror. Algum tempo depois, surgiram dois clássicos da literatura fantástica: O Vampiro, de John Polidori (um dos amigos presentes, e médico pessoal de Byron) e Frankenstein, ou o Moderno Prometeu de Mary Shelley.

O desafio gaúcho, chamado informalmente “Lord Byron’s Night”, consistiu em colocar 18 escritores para passar uma noite em claro dentro da Biblioteca Pública de Porto Alegre (que está fechada para restauração), sem poder sair, sem conexão de Internet, da noite do sábado até o amanhecer do domingo, com o compromisso de cada um entregar, no fim do prazo, um conto de terror. Temas e ambientação foram deixados a cargo de cada um; a única exigência era que a Biblioteca aparecesse, fosse como local da história (em parte ou no todo), ou por conter uma livro ou documento que iria desencadear o enredo, etc. No andar térreo, um bufê com sanduíches, salgados, refrigerantes, café e cerveja – para manter todo mundo inspirado e desperto.

A Biblioteca é mais antiga, mas o prédio atual, em reforma, é de 1922, e tem paredes, tetos e decoração extremamente interessantes. Iluminação indireta criava um ambiente soturno. O grupo de escritores incluía os argentinos Federico Andahazi (autor de O Anatomista) e Gustavo Nielsen, o francês Alexis Aubenque, os norte-americanos Sean Branney e Christopher Kastensmidt (este radicado no Brasil há 12 anos), e os brasileiros Felipe Guerra, João Pedro Fleck, Duda Falcão, Marcelo Amado, Celly Borges, Guilherme Braga, Cesar Alcázar, Carlos Patati, Bráulio Tavares, Simone Saueressig, Felipe Castilho, Max Mallmann e Carlos André Moreira. Os contos deverão ser reunidos numa antologia com lançamento previsto para a 60a. Feira, daqui a um ano.

Foi uma rara sensação passar a noite escrevendo, cercado pelo tlec-tlec de 17 notebooks, com pausas de hora em hora para um café e um bate-papo com os colegas, e produzir, das 21 horas às 3 da manhã, um conto de 3.200 palavras, num regime de total improviso (eu não sabia o que ia escrever até digitar a primeira frase).