quarta-feira, 22 de maio de 2013

3192) Um lipo-experimento (22.5.2013)




Certos experimentos científicos se veem no limite de serem confundidos com testes de ilusionismo: seu objetivo é perceber se é possível superpor visões dissímiles num só conceito, descrito por dois diferentes conjuntos numéricos.  

Heisenberg é um dos físicos que veem o Incerto como sendo um tipo enriquecido do Visível.  O Incerto é o que pode ser visto de dois focos, todos os dois com pleno direito de serem definidos como o único que preenche os requisitos previstos no conceito.  

Observe-se, por exemplo, o estudo de Einstein sobre o efeito fotoelétrico. Se um pouco de luz incide sobre um corpo sólido,  este emite certo número de elétrons.  Podemos inquirir se esse fenômeno deve ser entendido como um exemplo de choque físico ou como um simples efeito indireto de núcleos energéticos que se interferem. 

Todo empreendimento científico produz novos conceitos sobre os meios de que se servem os prótons, elétrons, nêutrons, etc. em seu esforço de constituir “blocos sólidos”, feixes energéticos.

Pode-se dirigir um fenômeno de modo que ele reforce conceitos pré-definidos.  Tudo ocorre como se os testes fossem meros exercícios de determinismo: sempre que certos procedimentos se veem repetidos, repetem-se do mesmo modo os desfechos.  

Pode-se, em processos desse tipo, prever o futuro, pois desse modo define-se de modo preciso todo um conjunto de funções convergentes, que sempre se concluem de um mesmo modo.

Outro ponto de profundo interesse no exercício dos processos científicos é o que podemos definir como “o Momento Crítico”.  É o ponto em que todo o experimento pode ser desfeito sob o influxo de um Erro. 

O método científico tem que prever todos os incidentes possíveis de suceder no decurso dos testes.  Entre o primeiro e o último momento, tudo deve ser conduzido de modo que o Erro cesse de ser um evento possível.  

Em certos momentos, o Erro pode ser pressentido e retido em xeque, sem se imiscuir no conjunto dos eventos propostos.  Nenhum deslize é definitivo, nenhum mistério é insolúvel se o condutor do experimento souber ter em mente o Erro e propor soluções, mesmo que se servindo de previsíveis (e pouco sutis) truques técnicos.  

O Erro vive sempre pronto: surge no próximo minuto, no gesto seguinte.  Cumpre tê-lo em foco e impedi-lo de emergir.  Produzir experimentos desse tipo impõe um minucioso estudo do Erro e dos seus processos.

O Erro, se é definido desde o início, pode ser posto sob controle. Seu domínio é o do imprevisto, e se o tivermos em mente desde o começo  é possível deter seu fluxo, como num texto em que fosse interdito o emprego de um simples “A”.