sábado, 13 de outubro de 2012

3002) Lionel Messi (13.10.2012)




Ele tem sido eleito o melhor jogador do mundo, e mesmo que não volte a sê-lo este ano isto não faz diferença. Continuará jogando o mesmo futebol brilhante que joga há anos. 

O argentino Messi mostra mais uma vez o quanto o talento é uma coisa única, pessoal, intransferível. Ninguém nunca jogou como ele; e o mesmo pode ser dito de Pelé, Maradona, Platini, Beckenbauer, Di Stefano, Leônidas, Heleno de Freitas. Podemos até comparar o estilo de A com o de B, mas cada um deles tem qualidades e limitações que estão ausentes no outro. 

Messi e Maradona são argentinos, canhotos, baixinhos, velozes; tanto armam quanto são artilheiros; driblam com esfuziante facilidade, finalizam com variedade desconcertante. Parecidos – e diferentíssimos.

O saite ESPN publicou uma longa reportagem de Wright Thompson (http://es.pn/UHBxKc) sobre a complicada relação de Messi com sua cidade natal, Rosário. 

Diz o jornalista que rodou um dia inteiro na cidade sem encontrar a menor referência a Messi, nem mesmo no "VIP", um bar-restaurante pertencente à família dele. Não há estátuas, nem fotos nas vitrines, nada. 

Num bar temático sobre esporte, perto da rua onde ele foi criado, as janelas têm fotos de Muhammad Ali, Maria Sharapova e Rafael Nadal. Thompson inicia então um trabalho detetivesco para rastrear a razão dessa indiferença.

Messi despontou num time infantil chamado ”A Máquina de 87” (o ano em que todos os jogadores nasceram), e que perdeu apenas um jogo durante quatro anos. Os outros garotos cresceram; Messi não. O Newell’s Old Boys investiu durante algum tempo num tratamento hormonal, mas depois desistiu, e o pai de Messi o levou para o Barcelona com 13 anos. 

Este breve resumo reproduz a história de milhares de meninos (brasileiros inclusive) no mercado da bola de hoje. Todos são bons; a Europa dificilmente compra um adolescente perna-de-pau. Todos são arrancados da família e do país antes de virarem gente. 

Messi não se sente à vontade em Buenos Aires; e quando retorna a Rosário, encontra-se apenas com a família e com os ex-companheiros da “Máquina de 87”. O resto da cidade o ignora. Por que? “Nunca ganhou nada para a Argentina”, resmunga com desprezo um torcedor.

Esta é (segundo Thompson) a maior diferença entre Messi e Maradona. Maradona nunca retorna à favela onde foi criado, mas como despontou como craque no próprio país e lhe deu uma Copa, é considerado um Deus. 

Messi é tímido, caladão, ausente, e sem uma bola nos pés parece um autista. “Estrangeiro aqui como em toda parte”, sua biografia fraturada lhe deu o destino de sentir-se em casa apenas quanto pisa no gramado, e de saber quem é apenas quando a bola chega aos seus pés.